Montar um plano de negócio, pensar em um produto, desenvolvê-lo e torcer para que ele se torne um sucesso no mercado. É assim que nascem várias das empresas que conhecemos hoje, mas esse processo, por mais lógico que possa parecer, não é o único válido e pode não ser a melhor opção para o seu empreendimento.
Esse "empreendedorismo tradicional", se podemos chamar assim, tem sido cada vez mais substituído por um processo mais simples e eficaz, criado por Eric Ries e apresentado pela primeira vez no livro "Startup Enxuta". Estamos falando do conceito "Aprendizado Validado".
Se você nunca ouviu falar sobre esse assunto ou quer saber um pouco mais sobre ele, acompanhe a seguir nosso post e pratique agora mesmo esse conceito que tem ajudado inúmeras startups a alcançar o sucesso no mercado.
O que é Aprendizado Validado?
Segundo Eric Ries, Aprendizado Validado nada mais é do que o desenvolvimento de versões iniciais de produtos ou serviços, os chamados “MVP’s, munidos com aquilo que é essencial para a entrega de valor ao cliente e que podem ser rapidamente testados.
Assim, por meio desses testes, é possível aprender quais são as características mais assertivas do produto ou serviço e, nesse mesmo processo, fazer os ajustes necessários. Tudo isso antes de lançar definitivamente o produto no mercado.
Professora formada em Administração e gerente executiva da incubadora de startups Inova Metrópole – sediada no Instituto Metrópole Digital (IMD/UFRN) –, Iris Pimenta conta que o uso do Aprendizado Validado pode suprir uma das maiores dificuldades encontradas nas metodologias tradicionais, que é a falta de contato direto e recorrente dos empreendedores com os clientes.
“Antes, fazíamos planos de negócio com 40 páginas, repartidos em vários tópicos, mas em momento algum falávamos com clientes, não existia essa preocupação. Com o Aprendizado Validado, o feedback é fundamental”, avalia Iris Pimenta.
Passo a passo
Para que um produto alcance o sucesso almejado, é fundamental a adesão de clientes. Segundo Eric Ries, startups são “instituições humanas projetadas para criar novos produtos
e serviços em condições de extrema incerteza” e é justamente nesse meio de incertezas que o Aprendizado Validado ganha seu valor. Mas como aplicar, na prática, esse método?
A professora Iris Pimenta sugere o seguinte procedimento: “você cria a ideia, conversa com o cliente, faz ajustes, desenvolve um protótipo e valida esse protótipo, novamente, com o cliente. A partir dessa troca, ou você guarda as ideias para o futuro ou as descarta. Assim, no final desse processo, o risco de se ter um produto no mercado que não atende as necessidades do seu público é bem menor, pois aquilo que não servia já foi corrigido anteriormente”.
Ferramentas
Para facilitar o desenvolvimento dessas ideias e aumentar a assertividade de soluções em fase inicial, existem algumas ferramentas auxiliares, principalmente no que diz respeito ao planejamento de novos produtos ou serviços. Apresentaremos, a seguir, dois bons exemplos disso.
O primeiro consiste em uma ferramenta desenvolvida pelo designer Jeff Gothelf, o qual, baseando-se no Business Model Canvas, de Alexander Osterwalder, instituiu uma técnica que auxilia o teste de hipóteses. Trata-se do Lean Canvas.
A proposta funciona da seguinte maneira: em um quadro, apontam-se os itens referentes ao projeto em si – problemas, segmentos de clientes, proposta de valor, solução, canais, receita, estrutura de custos, métricas chave e vantagem competitiva.
Ao preencher esses itens, o usuário tem em mãos um panorama geral sobre a demanda do cliente, a partir do qual é possível avançar rumo à criação de novas estratégias capazes de solucionar as demandas identificadas.
Já o segundo exemplo consiste na abordagem de Design Thinking. Essa ferramenta visa possibilitar ao usuário mais conhecimento sobre o problema a ser solucionado e mais contato como com o cliente.
Tudo isso pode ser feito por meio de pesquisas, entrevistas, vivências e observações que, no futuro, se tornarão isights para a fase de ideação.
Sem "receita de bolo"
Apesar de existirem várias ferramentas que auxiliam o empreendedor no processo de validação, conforme ressalva a professora Iris Pimenta: “não existe receita de bolo”. Cada empresa deve, em seu contexto particular, trabalhar da melhor forma e escolher as ferramentas que forem mais viáveis e úteis para os seus negócios.
Ainda assim, a professora destaca que, na ótica do Aprendizado Validado, após desenvolvida a ideia inicial, sempre deve ser proposto um protótipo, uma modelagem inicial do produto ou serviço, o qual se tornará o MVP a ser validado posteriormente.
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